CONSTATAÇÃO
Corrente de amanhãs, vício de auroras.
Outro dia, outro dia, outro, por quê?
Agoras a exigir outros agoras,
Barco sem mapa, cais que não se vê.
No alto, a bandeira rota, e o lema: até.
Tudo incompleto. As horas, mães das horas,
Partindo inúteis. Novas, as escoras
Certas que a torre lhes cairá ao pé.
Ser fragmento, ser caco, ser a corda
Que não se amarra em nada, o elo partido,
O escorrer puro, o rio sem sentido,
A mão que segue adiante e nada aborda,
O que não é daqui, o que é a loucura
E o orgulho de seguir na selva escura.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste é, indubitavelmente, um dos sonetos mais belos de nossa lingua. Verdadeiro maravilhamento provindo (quem sabe?) da angústia da finitude do homem que se faz no impasse de duas eternidades: uma, a Natureza em sua concretude mutável, e outra, a Consciência, em sua estaticidade e dispersão.
ResponderExcluirObrigado por postá-lo, Alexei.
Abraço